quinta-feira, 26 de novembro de 2015

275. POEMA SEM BEIRA

POEMA SEM BEIRA

E das pedras atiradas, 
Ergueram-se as muretas 
Alcançando novos destinos...

Naquele mirante,
Avistaram terras distantes,
E em questão de segundos,
Arranha-céus tornaram-se gigantes...

No lodaçal,
Os tropeços...

Entre as subidas e as decidas.
Cambaleantes foram as histórias,
Traçadas sem sentido,
À própria vida...

Foram retas,
Diante de tantas curvas,
Quando claras,
E não turvas...

Quando vaidosos,
Disfarçaram-se de ventanias,
Destruindo-se no percurso da idade...

Sobrando-lhes,
Apenas a fantasia...

O que entendiam por destino,
Incerto lhes pareceu...

Projetado,
A cada segundo,
Consumiu-se em escombros,
Restando-lhes apenas a memória...

O que ficou de verdades,
Mesmo que fora dos contextos
Foi somente aquilo que jamais será dito...

Com o silêncio,
Tecido nos emaranhados da maldade,

Cobriram-se de santos em seus leitos.
Como quem a redimir-se
Pela própria vaidade.

Albertina Chraim

domingo, 12 de abril de 2015

274. JANELAS DA VIDA

JANELAS DA VIDA

Nas janelas da vida
A espreitar o universo
Miro-me no mundo...

Entre os arranha-céus das cidades,
Nas vastidões dos vales,
Na calmaria das serras,
Nas águas dos oceanos,
Ou nas profundezas dos mares...

Nas intenções dos homens,
No sorriso das crianças,
Nas sutilezas das mulheres,
Nas mãos do ancião,
Ou nas mesas dos bares...

No verão escaldante,
Nos outonos da vida,
Nas primaveras dos amores,
No inverno das idades...

Miro-me em todos os lugares,
A saborear-me do real...

E lá, onde minhas vistas não mais alcançam,
Reservo para o que sobrou
De minhas vaidades.

Albertina Chraim

terça-feira, 31 de março de 2015

273. A MEMÓRIA

Invento um tempo,
Um tempo em que havia tempo...
E o tempo que invento,
É como se nunca houvesse
O tempo...
Relembro histórias
E nas histórias que relembro
É como se nunca houvesse estória...
Acordo como se tivesse sonhado,
E dos sonhos que suponho,
É como se nunca tivesse acordado...
Não sei se existiu,
Ou se foi apenas ilusório...
Por isso,
Invento histórias,
Inventando o tempo...
Para que não me apaguem
A memória...
Alimento o presente
Com fragmentos do passado...
Sigo inventando o tempo,
Ou contando histórias...
Vivêncio em sonhos,
Aquilo que desejei nunca ter acordado.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

272. QUANDO FECHA-SE O CICLO



Há uma lacuna no espaço,
Que me deixa intrigada...
Ë como se um oco,
Preenchesse o vão que há
Entre o real e o imaginário...
Há no espaço uma lacuna,
Que me deixa intrigada...
Ë como se um vão
Preenchesse o oco
Que há entre o que me é imaginário
E o que me é real...
E aquilo que preenchia o ontem
Parece-me ter se findado...
Enfim, fica a dúvida
Se existiu,
Ou foi sonhado.
E aquilo que havia existido
Acabou-se em sonho, no final.
Então, acordamos no outro dia,
Com uma nova missão...
Dar continuidade a nossas vidas
Sem saber aonde termina o real
E aonde começa a ilusão...
E quando o real se esvaia
Não mais podendo ser tocado
Resta-nos apenas a essência
Daquilo que acreditávamos ser imortal.
Albertina Chraim

sábado, 23 de agosto de 2014

271. ENTRE MÃE E FILHA


Mãe, O que é vida?

- Não sei filha!
O que você pensa que é a vida?

- Não sei mãe!
Pensei que você pudesse me dizer, 
Você sempre sabe tudo!

- Filha, acho que a vida é um Ser vivo,
Desses cheio de experiências!
Desse que nos ensina todas as coisas de nossa existência.
Tudo aquilo que precisamos aprender e de certa forma vivenciar.

- Como assim, cheio de experiências?

- Quando pensamos que sabemos tudo,
Vem a vida, e nos faz não entender nada.
Quando achamos que não entendemos nada, 
Vem a vida e nos faz saber de tudo.

- Interessante!

Mas filha, por que estas pensando nisso agora?

- E que estou olhando este berço
E parece que eu sempre tive ele,
É como se eu já soubesse o que é ser mãe…
Mesmo que eu nunca tinha sido...

- Filha isso não se chama vida!

- Não mãe?

- Não Filha!
Isso se chama maternidade!

E mãe e filha num abraço emocionado,
Olham o berço que embala uma nova vida.

Albertina Chraim

270 - RECORDANDO OS TEMPOS


Se pudessem voltar-me
Para dizer-me como estão...

Talvez desvendassem o mistério 
Que ha nesta imensidão... 

Quem sabe assim nos diriam,
Apenas como é lá...

Falar-nos-iam um pouco
Deste espaço pós vida...

Que usurpa-nos os braços
Não nos permitindo mais abraçar...

E no ontem que esteve aqui, 
Parece ter sido tudo mentira...

Um sonho!
Uma lenda!

E no hoje que nos é real
Deixa-nos o rastro da incerteza...

Será que tudo que existiu, foi real?
Ou foi apenas ilusão
E o que restou foi material?

E as brincadeiras que pensamos ter brincado,
As falas que acreditamos ter ouvido,
Os olhares que trocávamos,
Foram como se nunca, 
Jamais tivéssemos vivido...

E hoje ao olhar os retratos
Que congelados parecem fitar-me...

Passam-me uma paz tão grande,
Como se viessem me visitar...

Dizendo que estão felizes
Neste novo plano...

Mesmo que não estivem em seus planos
Tão cedo nos deixar...

È fácil degustar o sabor da perda,
Pois o que mais dói nessa historia 
E a dor da ausência...

É um vazio que não tem como ocupar
Nesse espaço oco do universo..

E assim que defino
Quando perdemos o que temos por perto...

Resta-nos a olhar os pertences
Cobertos de seus mistérios...

Se pudessem-me voltar
Para apenas contar-me
O que há por lá...

Talvez preenchessem o vazio
Que há nesta multidão..

Quem sabe, apenas uma vez bastasse, 
Um olhar!
Um ultimo sorriso!

Mas, no agora,
O que nos resta são apenas os retratos
Que parecem em movimento
A nos sorrir,
A nos confortar.
Relembrando os momentos
Que ficaram congelados no tempo.

Albertina Chraim


269. O AGORA

ESPERA

Amanheceu!
Olhei a janela,
Mirei o ontem em minhas pegadas,
O hoje a me instigar,
E o amanha a minha espera...

Olhe assim meio que sem destino
Duvidando se o ontem existiu
Mas veio o agora e me joga na cara
Quem duvida de mim,
Não me sentiu!

Então me preparo
Para quando o amanha chegar
Quero estar bela e cheirosa
Para dele me enamorar...

Só posso sonhar o amanha
Se saboreio o sentido do agora
Pois somente temos a certeza do ontem
Quando guardamos sua fragrância na memória.


Albertina Chraim